RESILIÊNCIA NO AIKIDO
LUIZ CAMINO
Data do evento: 09/11/19
 
TESE PARA SANDAN


Luiz Camino Shugyo Dojo

Uma das palavras que mais está sendo utilizada hoje em dia é “resiliência”. No dicionário podemos encontrar o seguinte significado: capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças.
É inegável que nós seres humanos sofremos diversos tipos de mudanças com o passar dos anos. Mudanças físicas, psicológicas, financeira, emocional, entre muitas outras.
Mas será que todos estão preparados para aceitar essas mudanças? Tenho certeza que não! Por natureza, nós seres humanos temos muita dificuldade em aceitar mudanças. Vivemos muito bem na nossa zona de conforto. Frases como: eu já faço dessa forma faz tempo, time que está ganhando não se mexe, já estou velho para mudar, etc; fazem parte do dia a dia de milhões de pessoas.
Realmente mudar ou aceitar as mudanças e se adaptar não é tão fácil assim. Nós criamos padrões e formas para realizarmos nossas rotinas diárias ou atividades extras que já estamos acostumados a fazer. O que a maioria das pessoas não percebe é que um aspecto que nos faz nos apegarmos a certos pontos de vista (em detrimento de outros, mais eficientes) está diretamente relacionado com nosso próprio funcionamento cerebral.
Essa espécie de “teimosia” é resultado do que os neurocientistas denominaram efeito Einstellung (fixação funcional). Trata-se da “persistente tendência do cérebro de se ater a uma solução familiar para resolver um problema – aquela que primeiro vem à mente – e ignorar outras possibilidades”, explicam os cientistas Merim Bilaliće e Peter McLeod, ambos doutores em psicologia. Os dois reconhecem que, na maioria das vezes, tipo de raciocínio é um processo cognitivo útil, já que por meio dele desenvolvemos métodos bem-sucedidos para resolver os mais variados problemas do cotidiano, desde descascar uma fruta até resolver uma equação matemática. E, se funciona, não há motivo para tentar várias técnicas diferentes toda vez que precisamos novamente desempenhar aquela atividade. O problema com esse atalho cognitivo é que ele pode inibir a busca de soluções mais eficientes ou apropriadas.
Diante disso, podemos pensar: se nosso cérebro nos faz acreditar em certas abordagens, a ponto de ignorar outras mais adequadas, ou mesmo desconsiderar que elas existam, o que podemos fazer? Ficamos reféns desse órgão tão sofisticado, com o qual nos confundimos? Simples: desconfie de suas certezas e não se contente logo de cara com as boas soluções. É claro que, ao compreender como esse curioso processo ocorre em sua cabeça, fica muito mais fácil acreditar – e apostar – que, não raro, seu cérebro poderá encontrar outras saídas ainda melhores que a primeira.
Mas o que tudo isso tem haver com o AIKIDO?

No estágio em que me encontro hoje, só posso afirmar que saber mudar e aceitar que todos os dias temos que ter a mente aberta para absorver coisas novas e aprender com elas, faz com que possamos evoluir dentro e fora do AIKIDO. Isso está diretamente ligado em manter o espírito de HIBI SHOSHIN, ou seja, ser um eterno principiante para que possamos aprender e se desenvolver como seres humanos, todos os dias. O principiante está com a mente limpa, está disposto a aprender, não faz julgamentos com a intenção de competir com a outra pessoa, pois ele não tem conhecimento para isso.
Mas não é fácil treinar com este espírito. Com o passar do tempo temos a tendência de achar que já sabemos muito. Isso é o nosso ego passando por cima da humildade de aprender feito um principiante.
Como citado no livro do Shihan Wagner Bull, Aikido – O Caminho da Sabedoria (A Teoria), onde na página 85 está escrito: “Por isso que o fundador dizia que para se praticar AIKIDO é fundamental: MASAKATSU AGATSU KATSUHAYARI.
Masakatsu: a vitória correta, através do caminho correto, sem subterfúgios; Agatsu: a vitória sobre si próprio através da pureza de espírito;
Katsuhayari: é o despertar do espírito de que tempo e espaço são relativos, podendo ser inexistentes.
Quando me deparo com essas informações, percebo o quanto é difícil, porém importantíssimo para o desenvolvimento na arte entender o processo de mudança que sofremos com o passar do tempo. Cada vez que pratico mais e com um espírito limpo, meu crescimento se mantém desde que não me acomode e pense que já sei tudo que estou praticando. É lógico que com dedicação e buscando seguir as orientações dos nossos Senseis e Senpais, a evolução acontecerá de forma natural. Mas para isso preciso me despir de qualquer tipo de ego ou vaidade para que eu possa enxergar melhor e crescer mais a cada dia.
Quando falo sobre crescimento pessoal e técnico, estou querendo explanar de forma mais abrangente. Ter a humildade de reconhecer que quanto mais o tempo passa, mais o meu vigor físico diminui, meus músculos já não são mais tão fortes e minha velocidade já não é mais a mesma, também é uma forma de crescimento pessoal e amadurecimento, pois demonstra que estou me adaptando à uma nova realidade. Porém, seguindo um treinamento contínuo eu posso substituir tudo isso por conhecimento e técnica mais apurada, fazendo com que eu possa fazer mais gastando menos. Na minha visão, isso só será possível se a minha mente e o meu espírito estiverem limpos e prontos para me desfazer de qualquer tipo de ego e trazer a tona a humildade e a dedicação para evoluir cada dia mais através da prática e Zanshin.

O Zanshin deve fazer parte do nosso dia a dia. Ele nos ajuda a manter o foco e ter total atenção às atividades do nosso dia e principalmente durante a prática do Aikido. Acredito que essa palavra descreve muito mais do que apenas prestar atenção ao que está sendo ensinado. Ela envolve se entregar de corpo e alma para aquele momento que está acontecendo. Praticando o verdadeiro Zanshin a evolução será uma consequência natural.
Hoje eu procuro colocar em prática tudo que foi abordado por mim nessa tese. Tenho observado em cada treino que o meu pior inimigo sou eu mesmo. Observar e sentir cada técnica, cada energia, cada ensinamento do nosso Shihan, Senseis, Senpais e Kohais, faz com que eu possa evoluir e me transformar a cada dia. Mas em todos os momentos tenho que me policiar, manter a mente focada e aberta para receber e sentir cada movimento e cada sentimento ensinado através das técnicas do AIKIDO.
Assim eu chego à conclusão de que, para crescer como artista marcial e principalmente como ser humano, nós devemos nos despir de qualquer tipo de vaidade e procurar reforçar os pontos fortes e desenvolver mais os pontos fracos, sempre com humildade; mas sem nunca perder o espírito de um verdadeiro samurai.


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